Projeto Alcatrazes

Em 2012 foi dada a largada a uma iniciativa ímpar na história da pesquisa e conservação de cetáceos no Brasil. Diferentes atores envolvidos com um só o objetivo: a conservação da biodiversidade marinha no litoral norte paulista. Essa iniciativa visou conciliar a oportunidade que muitas pessoas têm de navegar pela costa do Estado de São Paulo com gerar informações importantes para a pesquisa e a conservação de baleias e golfinhos. Qualquer voluntário pode fazer parte dessa iniciativa com sua embarcação nos cruzeiros para o Arquipélago dos Alcatrazes, ou enviado comprovações de avistamentos para esta central de coleta e organização.

As expedições são agendadas com pelo menos dois meses de antecedência. Para serem realizadas, há a necessidade de confirmação ao menos dois dias antes do cruzeiro em função de possíveis instabilidades do clima. A centralização dessa operação se concentra no Iate Clube da Barra do Una (ICBU), com conexões ao Yatch Club de Ilhabela (YCI), dois dos mais importantes parceiros engajados na conservação da biodiversidade marinha. Em paralelo, há a supervisão do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em todas as expedições, para sempre zelar pela proteção dos recursos naturais. Em todas as expedições também contamos com a autorização da Marinha do Brasil (MB), a quem sempre são estendidos convites para a participação dos eventos. Por fim, a contribuição científica no tocante aos cetáceos cabe ao Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP), representado pelo Laboratório de Biologia da Conservação de Mamíferos Aquáticos (LABCMA), que capacita os monitores, alunos de graduação da própria instituição, a auxiliar no levantamento de dados científicos.

As expedições são constituídas de largada por volta das 8:00h da manhã com destino ao Arquipélago dos Alcatrazes em rotas pré-definidas e que abordem uma extensa área onde baleias e golfinhos podem ser avistados neste caminho. Ao avistar os cetáceos, os monitores irão coletar as informações necessárias e a embarcação fará contato com a sede para comunicar a todos o local do avistamento. Ao chegar no Arquipélago, é autorizado aos tripulantes realizar uma volta pelo mesmo para contemplar sua exuberante beleza, e todos devem ancorar no local indicado pelo ICMBio. Após ancorado, nado livre é autorizado nas proximidades da embarcação. O horário máximo de permanência vai até as 14:00h, quando o ICBU irá convocar a todos para o retorno.  O retorno se faz preferencialmente pela mesma rota da ida, continuando o trabalho de avistamento de cetáceos. Fotos e videos elaborados pelas tripulações serão solicitados pelos pesquisadores do IOUSP que irão proceder com a identificação das espécies.

Histórico de Expedições:

{slide-1=14 de abril de 2012|closed}

A primeira expedição envolvia uma previsão de tempo nublado, com sol reluzente no Arquipélago por volta das 14:00h. Dito e feito! Na viagem de ida, com o clima nublado e 20 embarcações com cerca de 130 participantes partindo do ICBU, a Ballerina inaugurou os avistamentos de cetáceos ao encontrar um grupo de golfinhos-pintados-do-Atlântico (Stenella frontalis) por alguns minutos, e depois por um grande grupo de golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus). Saltos efetuados pelos golfinhos os levavam a 3 metros para fora da água. Incrível cartão de visitas. Houve também avistamentos de baleia de espécie não identificada, avistamento de baleia-de-Bryde (Balaenoptera edeni) e a coleta de um petrel encontrado morto e boiando no mar. A viagem de volta contou com o aceno do sol de boas vindas ao programa, e com um avistamento final do boto-cinza (Sotalia guianensis) nas proximidades do ICBU. Foi uma bela estreia! Veja fotos na galeria.

{slide-1=21 de julho de 2012

A segunda expedição ocorreu em um sábado de inverno, porém ensolarado. Foram 14 embarcações participantes. Havia grande expectativa na ocorrência de espécies de baleias e também de aves marinhas migratórias. Albatrozes-de-bico-amarelo (Thalassarche chlororhynchus) e albatrozes-de-sombrancelha (Thalassarche melanophrys) foram avistados. Ao lado do Arquipélago dos Alcatrazes houve avistamento de golfinhos-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis), e peixe-lua (Mola mola). Aqui foi dada a largada para a confecção do catálogo de indivíduos identificados por marcas na nadadeira dorsal. O inverno também brindou a expedição com o avistamento de um lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis) em Alcatrazes e no caminho de volta. Veja fotos na galeria.

{slide-1=06 de Outubro de 2012}

A terceira expedição contou com o apoio de 16 embarcações e cerca de 100 participantes. Houve avistamentos de baleia, possivelmente baleia-de-Bryde, e de golfinhos-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis) em atividade de alimentação, associados com petréis-das-tormentas (Oceanictes oceanicus). Houve registros fotográficos dos golfinhos predando um peixe chamado guiavira (Oligoplites saliens; Perciformes, Carangidae). Esses peixes chegam em média a 35cm, podendo chegar a 50cm, e ocorrem de Honduras ao Uruguai. Veja fotos na galeria.

{slide-1=19 de Janeiro de 2013}

Nesta expedição foram 22 embarcações participantes, saindo do ICBU, do YCI e da Marinas Nacionais. Na viagem de ida ao Arquipélago foram avistados tubarões-martelo e peixes-lua. Não, eles não são cetáceos, porém fazem parte de uma importante cadeia alimentar riquíssima encontrada na região. Na viagem de retorno a embarcação a presença de golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) na área Delta da ESEC foi notificada pela monitora Aline Boutros que fez ótimos registros fotográficos. Veja fotos na galeria.

{slide-1=02 de Março de 2013}

Com a participação de 20 embarcações partindo do ICBU e YCI, e totalizando cerca de 100 participantes, esta foi a única expedição sem avistamentos de cetáceos. Uma mudança brusca nos ventos provocando a formação de “carneirinhos” na superfície da água (espuma branca provocada pela quebra de pequenas ondas geradas pela ação dos ventos), dificultou aos tripulantes a procura e o avistamento de baleias e golfinhos. Foi um dia de sol que encorajou muitos dos participantes a vivenciar um ótimo banho de mar ao lado de suas embarcações. 

 

{slide-1=04 de Maio de 2013}

Cerca de 20 embarcações participaram partindo do ICBU e YCI,  totalizando aproximadamente 100 participantes. Uma experiência incrível foi vivenciada ao reportar a presença de cerca de 200 golfinhos-pintados-do-Atlântico bem ao lado do Arquipélago dos Alcatrazes. Um resultado importante para a pesquisa científica foi a catalogação de novos indivíduos reconhecidos por marcas naturais na nadadeira dorsal. Participantes desta expedição avistaram esses golfinhos tanto na viajem de ida quanto no retorno às marinas. Sol forte e mar calmo proporcionaram aos participantes inesquecíveis mergulhos livres. Veja fotos na galeria.

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